Igreja Batista
Os batistas tipicamente são considerados protestantes históricos. Alguns batistas
rejeitam essa associação. A maioria das igrejas batistas escolhem associar-se
com grupos que fornecem apoio sem controle. A maior associação batista é a Convenção Batista do Sul
dos Estados Unidos, mas, há muitas outras
associações de batistas no mundo. No Brasil, as maiores são a Convenção Batista Brasileira e a Convenção Batista Nacional.
Índice
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Nome
O termo batista vem da palavra grega (baptistés, "batista," também descrevia João o
batista), que é relacionado ao verbo (baptízo, "batizar, lavar, mergulho, imerge"), e o baptista latino, e está em
conexão direta a "o batizado," João o batista. Como um prenome que foi usado naEuropa também como Baptiste, Jan-Baptiste, Jean-Baptiste, John Baptist. E na Holanda, frequentemente em combinações como Jan Baptiste ou Johannes Baptiste.
Foi usado como um sobrenome. Outras variações também comumente usadas são Baptiste, Baptista,
Battiste, Battista. Anabaptistas na Inglaterraforam chamados batistas em 1569.[2]
Origem
A história
academicamente aceita sobre a origem das Igrejas Batistas é a sua incepção como
um grupo de dissidentes ingleses no século XVII. A primeira igreja batista nasceu quando um
grupo de refugiados ingleses que foram para a Holanda em busca da liberdade religiosa em 1608, liderados por John Smyth, um clérigo e Thomas Helwys, um advogado, organizaram em Amsterdã, em 1609 uma igreja de doutrinas batistas. John Smyth discordava da
política e de alguns pontos da doutrina da Igreja Anglicana da qual ele era
pastor após uma aproximação com os menonitas e, examinando a Bíblia, creu na necessidade de batizar-se com consciência e em seguida batizou
os demais fundadores da igreja, constituindo-se assim a primeira igreja batista
organizada. Até então, o batismo não era por imersão, só os batistas
particulares por volta de 1642 adotaram oficialmente essa prática tornando-se comum depois a
todos os batistas. A primeira confissão dos particulares, a Confissão de
Londres de 1644, também foi a primeira a defender o
imersionismo no batismo.
Depois da
morte de John Smyth e da decisão de Thomas Helwys e seus seguidores de
regressarem para a Inglaterra, a igreja organizada na Holanda desfez-se e parte
dos seus membros uniram-se aos menonitas. Thomas Helwys organizou a Igreja Batista em
Spitalfields, nos arredores de Londres, em 1612. A perseguição aos batistas e a outros dissidentes ingleses, fez com
que muitos emigrassem. O mais famoso foi John Bunyan, que escreveu sua obra-prima O Peregrino enquanto estava preso.
Nos Estados Unidos, a primeira igreja batista nasceu através de Roger Williams, que organizou a Primeira
Igreja Batista de Providence em 1639, na colônia que ele fundou com o nome
de Rhode Island, e John
Clark que organizou a Igreja Batista de Newport, também em Rhode Island em 1648. Em terras americanas os batistas cresceram principalmente no sul, onde
hoje sua principal denominação, a Convenção
Batista do Sul, conta com quase 15 milhões demembros, sendo a maior igreja evangélica dos Estados
Unidos.
Existem
ainda outras teorias sobre a origem dos batistas, mas que são rejeitadas pela
historiografia oficial. São elas a teoria de Sucessão Apostólica, ou JJJ
(João - Jordão - Jerusalém) e a teoria anabaptista. Ambas são rejeitadas pelos historiadores
batistas Henry C. Vedder e Robert G. Torbet. A teoria de sucessão
apostólica postula que os batistas atuais descendem de João Batista e que a igreja continuou através de uma sucessão
de igrejas (ou grupos) que batizavam apenas adultos, como os montanistas, novacianos, donatistas, paulícianos, bogomilos, albigenses e cátaros, valdenses
e anabatistas. Os batistas landmarkistas utilizam este ponto
de vista para se auto-proclamar única igreja verdadeira.
Essa teoria
apresenta alguns problemas, como o fato que grupos como bogomilos e cátaros seguiam doutrinas gnósticas e o gnosticismo é contrário às doutrinas
batistas de hoje. Também, alguns desses grupos que sobrevivem até o presente,
igrejas como a dos valdenses (que desde a Reforma é uma denominação Calvinista) ou dos
paulicianos, não se identificam com os batistas. A teoria anabatista é
aquela que afirma que os batistas descendem dos anabatistas, que pregaram sua mensagem
no período da Reforma Protestante.
O evento mais citado para apoiar essa teoria foi o contato que John Smyth e Thomas Helwys com os menonitas
na Holanda. Todavia,
além de em 1624 as cinco igrejas batistas existentes em Londres terem publicado um anátema contra as
doutrinas anabatistas, também os anabatistas modernos rejeitam ser denominados
batistas e há pouca relação entre os dois grupos.
Ambos grupos
possuem algumas similaridades:
§
Crença no Batismo adulto e
voluntário;
§
Visão do Batismo e da Ceia do
Senhor como ordenanças;
Existem
algumas diferenças entre os batistas e os anabatistas modernos (por exemplo os
menonitas):
§
Os anabatistas normalmente
praticam o Batismo adulto por aspersão e não por imersão como os batistas;
§
Os anabatistas crêem em uma doutrina
semi-nestoriana sobre a Natureza de Cristo, que não recebeu nenhuma parte
humana de Maria;
§
Os anabatistas recusam a
participar do Estado, enquanto os batistas podem
ser funcionários públicos, prestar serviço militar, possuir cargos políticos;
As Igrejas Congregacionais Americanas
enviaram Adoniram e Ana
Judson em 1812, para evangelizar a Índia, com destino a Calcutá. O casal encontrou-se com o missionário batista
William Carey e seu grupo de pastores, e aceitou a doutrina de imersão dos
batistas e foram batizados pelo Pastor William Ward. Outro missionário
congregacional, também enviado a Índia, Luther Rice tornou-se batista. Os Judsons permaneceram na Birmânia, atual Myanmar, e Luther Rice voltou aos Estados Unidos para mobilizar os
batistas para a obra missionária.
Consequentemente
em maio de 1814, foi fundada uma Convenção em Filadélfia com o nome de "Convenção Geral da
Denominação Batista nos Estados Unidos para Missões no
Estrangeiro". Desde então missionários batistas foram enviados à América Latina, África, Ásia e Europa.
Os
imigrantes dos Estados
Unidos fundaram a primeira igreja batista do Brasil. Na foto a Capela do
Campo, no Cemitério do Campo em Santa Bárbara d'Oeste.
Por força
da Guerra Civil
Americana de 1865, confederados do Sul dos Estados
Unidos (confederados estes que eram esmagadoramente da Igreja Batista), começam
a buscar outras terras de potencial agrônomo. O Brasil é um dos países escolhidos. Logo, em 1867, grupos de estadunidenses que somaram mais de 50.000 pessoas
desembarcam nos portos brasileiros em busca de
refúgio e terra fértil, vasta e barata. Avançando para o continente, escolhem a
cidade de Santa Bárbara d'Oeste, para
adquirirem terras e fixarem residência. Entre os emigrados, a maioria professava o
protestantismo e entre esses, muitos eram Batistas. Já em 1870 fizeram publicar um "Manifesto para Evangelização do
Brasil." Tal manifesto, assim que publicado contou com assinaturas
de Presbiterianos, Metodistas, Congregacionais e, por um Batista, o jovem Pastor Richard Raticliff, um dos emigrados, cuja família havia convertido
através de Thomas Jefferson Bowne nos Estados Unidos. Em1871, Batistas emigrados dos Estados Unidos organizam a Primeira Igreja Batista do Brasil em Santa Bárbara d'Oeste. Anos mais
tarde, em1879, outro grupo de emigrados faz surgir a segunda Igreja Batista em solo
brasileiro em Santa Bárbara d'Oeste no
bairro da Estação, onde atualmente se localiza a cidade de Americana.
Enquanto
isto, no Recife o Missionário Batista William Buck Bagby participa
da conversão do sacerdote católico, Antonio
Teixeira de Albuquerque. Por causa de perseguição,
Teixeira de Albuquerque tentou refugiar-se em Maceió, sua terra natal, mas acabou mais tarde escolhendo Capivari, no Estado de São Paulo. Vindo a
conhecer os Batistas em Santa Bárbara d'Oeste, batiza-se,
é ordenado pastor e ajuda a comandar a evangelização que se iniciava
entre brasileiros, franceses, ingleses e estadunidenses. Os Batistas de então,
em Santa Bárbara d'Oeste, se unem
para solicitar a Junta de Richmond, dos
Estados Unidos, o envio de missionários ao Brasil. O trabalho de evangelização é intenso e brasileiros estão menos
preconceituosos quanto à nova doutrina. Em 1881 chegam, William Buck Bagby e Ana Luther Bagby; Zacarias
Taylor e Katarin Taylor. Os primeiros missionários são recebidos em Santa Bárbara d'Oeste e logo
filiam-se à Igreja Batista existente e começam a estudar a língua portuguesa,
tendo Antonio
Teixeira de Albuquerque como professor.
Pouco tardou
para que os dois casais de missionários,
unindo-se a Antonio Teixeira de Albuquerque rumassem para o Estado da Bahia, onde em 1882, com cartas de transferência
das igrejas em Santa Bárbara d'Oeste, organizaram a Primeira Igreja Batista
de Salvador. Em um ano
aquela igreja já contava 70 membros. Salvador também possuía uma comunidade de
estadunidenses que fugiram da Guerra de Secessão. O Pastor Antonio Teixeira de
Albuquerque, casado, rumou a Maceió, onde organiza a Primeira Igreja Batista e
prega para seus pais. A vida de Teixeira de Albuquerque foi curta, vindo a
falecer aos 46 anos de idade. O Brasil não resiste às pressões sociais e
políticas, internas e externas, vendo capitular o Império, sendo proclamada a República, em 1889. Nela a liberdade religiosa estava
consagrada na Constituição, ainda que, por enquanto, apenas no papel.
De Salvador, os missionários seguiram para outras capitais,
plantando igrejas. De volta
a São Paulo, com outros
missionários recém-chegados foram organizando outras novas igrejas a partir
de 1899 em São Paulo, Jundiaí, Santos, Campinas, São José dos Campos. Já
em 1904 eram 7 Igrejas Batistas no Estado de São Paulo. Essas, reunindo-se
em Jundiaí, organizaram em 1904 a Convenção Batista do Estado de São Paulo,
então chamada de União Baptista Paulistana. Em 1914, eclode a Primeira
Guerra Mundial, que faria ferver até 1918 toda a Europa. A Europa, destruída, vê muitos de seus habitantes saírem em busca de novas terras. O Brasil, e, principalmente o Estado de São Paulo, com um grande avanço na agricultura, (café, cana de açúcar e cereais) torna-se alvo
de muitos desses europeus. Fugindo da
guerra, aportam no Brasil muitos protestantes, somaram-se a eles as dezenas de casais de missionários dos Estados Unidos que continuavam chegando.
Convenção
Batista Brasileira em 2011 possuía 6.000 igrejas organizadas, 1.200 congregações ou missões
espalhadas em todo o território nacional e mais de 1.100.000 membros, a mesma
também possui vários colégios, seminários, orfanatos, faculdades, hospitais,
centros de recuperação para usuários de drogas, todos mantidos em convênios com
as convenções estaduais e/ou igrejas locais. Na área da Educação
Teológico-ministerial, atualmente são seminários oficiais batistas: o Seminário
Teológico Batista do Norte do Brasil (Recife, PE), o primeiro a ser organizado (é o mais antigo seminário teológico
batista da América Latina); o Seminário Teológico Batista
do Sul do Brasil, (Rio de Janeiro, RJ), o
Seminário Teológico Batista Equatorial (Belém, PA), Seminário Teológico Batista
do Nordeste (Feira de Santana e Salvador, BA) e a Faculdade Teológica Batista
do Estado de São Paulo (São Paulo, SP), Faculdade Teológica Batista
Ana Wollermam localizado em Dourados, Mato Grosso do Sul, Faculdade Teológica Batista do Paraná (FTBP), em Curitiba. Todos oferecem cursos de graduação
(Bacharelado) e pós-graduação. Os dois primeiros e a Teológica oferecem
Doutorado em Teologia, alguns como a FTBP são
autorizados e reconhecidos pelo MEC, além de também terem cursos especiais para ministros evangélicos e ensino à
distância EAD.
A Convenção
Batista Nacional nasceu em 1958, quando foi aceito o batismo pentecostal por alguns batistas
em Belo Horizonte. Em 1967, o Pr. Enéas Tognini organizou
a CBN (Convenção Batista Nacional), reunindo 60 igrejas. Grande parte dessas
igrejas denominam-se "Batistas Renovadas". Hoje, a CBN, segundo
o IBGE, conta com 1.500 igrejas organizadas, 1208 congregações ou missões, e
280.000 membros espalhados pelo Brasil (dados de 2006). Alguns afirmam que as Igrejas ligadas a essa convenção não são
batistas, pois as doutrinas históricas batistas rejeitam o pentecostalismo.
As Igrejas Batistas Independentes no Brasil têm a
sua origem no trabalho da Missão de Örebro, um movimento na Suécia. O missionário Erik Jansson veio en 1912 para atender colonos suecos residentes no município de Guarani, Rio Grande do Sul, mas mais tarde o grupo
espalhou-se por outros estados. Conta com pelo menos 15 mil membros filiados à
CIBI (Convenção das Igrejas Batistas Independentes), com grande presença nos
Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
A partir
da década de 1930 surgiram
grupos de cunho mais conservador e fundamentalista, como
a Igreja
Batista Conservadora fundada em Bagé - RS,
a Igreja
Batista Bíblica Nacional que organizou a Comunhão
Batista Bíblica Nacional (CBBN) desde 1973, com cerca de uma centena de igrejas
e congregações, a Igreja Batista Fundamentalista e aIgreja
Batista Regular que são pouco numerosos, correspondendo-se
aos de sua denominação norte-americana e canadense. Embora a Convenção Batista Brasileira aceite
as doutrinas da eleição, há igrejas batistas que se proclamam também calvinistas, e são filiadas às diversas convenções ou
simplesmente, independentes. No Brasil, há um grupo cujo objetivo é estreitar laços
de comunhão entre seus membros, em geral filiados a igrejas batistas reformadas: trata-se da Comunhão
Reformada Batista no Brasil. Ainda há a Igreja
Batista do Sétimo Dia, a
denominação evangélica sabatista mais antiga, de origem britânica e alemã, mas
que no Brasil formou-se com dissidentes da igreja adventista do sétimo dia que
deixaram a denominação por não aceitarem os escritos da Sra. White como
inspirados por Deus. Acabaram se afiliando a sede da Alemanha e assim,
ex-membros de uma igreja que tomara a crença no descanso sabático emprestado
dos batistas do sétimo dia, como a adventista, acabaram se unindo a um dos
grupos que a originaram.
Existem
também dezenas de Igrejas Batistas sem filiação, tais como a Igreja Batista da
Floresta (MG), Filadélfia (RJ), Calvário em Niterói (RJ), ou ainda a Igreja Batista Missionária Central Petrolina,
todas de orientação carismático-pentecostal.
Em Portugal os Baptistas estão presentes desde o século XIX, quando missionários e expatriados britânicos
fundaram a igreja no país.
Estão
agrupados na Associação das Igrejas Baptistas Portuguesas (19
igrejas); Convenção Baptista Portuguesa (90 igrejas); Igrejas
Baptistas do Carreiro (13 igrejas); Igrejas Baptistas
Independentes (grupo pentecostal-batista de origem brasileira, 7
igrejas) e outras congregações e igrejas.
§
Igreja Evangélica Batista de
Angola: 300 congregações com 90.000 membros;
§
Igreja Batista Livre em Angola: 45
congregações com 17.123 membros;
§
Associação Batista de Macau: 6
congregações com 750 membros;
§
Convenção Batista de
Moçambique: 120 igrejas com 40.000 membros.
Doutrinariamente,
os batistas possuem algumas particularidades:
§
Crença no Batismo Adulto
por imersão -
assim como os anabaptistas eles
creem que o batismo seja uma ordenança para as pessoas adultas (ordenança, para
os batistas, é diferente de sacramento: deve ser obedecida, mas é apenas ato
simbólico e não obrigatório para salvação), que deve ser respeitada a menos que
o indivíduo não tenha oportunidade de ser batizado. A diferença em relação aos
anabaptistas, é que os batistas praticam o batismo por imersão.
§
Celebração das ordenanças do
batismo e também da ceia memorial (não-sacramental), repetindo
o gesto de Cristo e os apóstolos ("fazei isso em memória de mim")
partilhando-se o pão e o vinho entre todos os membros da Congregação.
§
Separação entre Igreja e
Estado - antes mesmo do Iluminismo, já havia a consciência da separação entre
Igreja e Estado entre os batistas.
§
Liberdade de Consciência do
Indivíduo - o crente deve escolher por sua própria consciência a servir a
Deus, e não por pressão estatal ou de Igreja Estabelecida.
§
Autonomia das Igrejas locais - como
os batistas originaram do Congregacionalismo, enfatizam a autonomia total das
comunidades locais, que podem agrupar-se em convenções. A exceção são os
Batistas Reformados, que se originaram do calvinismo Presbiterianismo e dos Batistas
Episcopais, que surgiram de missões anglicanas no Zaire.
§
Em termos
de organização, a maior
parte das igrejas batistas operam no sistema de governo congregacional, isto é,
cada igreja batista local possui autonomia administrativa, regida sob o regime
de assembleias de
caráter democrático. Entretanto, a grande maioria das igrejas batistas são
associadas a "convenções", que são, na verdade, associações de
igrejas batistas que procuram auxiliar umas às outras em diversos aspectos,
como jurídico, financeiro e formacional (criação de novas igrejas). Essas associações não possuem qualquer poder interventor nas
igrejas, pois uma das características da maioria dos batistas é a autonomia de cada
igreja local.
Os batistas
tradicionalmente evitaram o sistema hierárquico episcopalista como é encontrado
na Igreja
Católica Romana ou Igreja Anglicana, entre outras, como entre
os metodistas. Todavia,
existem variações entre grupos batistas, como a Igreja Episcopal Batista (de
governo, obviamente, episcopal), presente em vários países da África e a Igreja
Batista Reformada, de governo presbiterial.